O Viaduto Jaceguai, que fica localizado no centro da cidade, além de fazer uma importante ligação do centro de São Paulo à zona leste, ainda homenageia um importante almirante e historiador do Brasil.
Artur Silveira de Mota, ou apenas Barão de Jaceguai, nasceu em São Paulo, no dia 26 de maio de 1843. Filho do Conselheiro José Inácio Silveira da Mota, Artur começou seus estudos no Colégio Vitória e, com 15 anos, já era um aspirante à guarda-marinha na Escola Naval do Rio de Janeiro, finalizando o curso em 1860.
Por esses anos, Artur ficou bem próximo a deixar a carreira militar: impressionado com a terrível catástrofe que havia acabado de destruir a corveta Isabel, na qual morreu toda uma turma de militares, seu pai solicitou junto ao Ministro da Guerra, o Conselheiro Rego Barros, que seu filho fosse transferido para as fileiras do Exército. Contudo, Artur negou veementemente essa possibilidade continuou se dedicando às atividades na Marinha.
No ano de 1861, Artur fez sua primeira viagem de instrução, a bordo da corveta Baiana, que estava sob o comando de José Maria Rodrigues, então Capitão-de-mar-e-guerra. Nessa viagem, ele teve a oportunidade de visitar a Inglaterra, França, Espanha, costa da África e os Estados Unidos.
No ano seguinte, devido ao seu grande desempenho, foi promovido à segundo tenente e nomeado instrutor de hidrografia da turma dos guardas-marinhas. Pouco tempo depois, subiu mais uma patente, sendo, agora, primeiro-tenente.
No mês de fevereiro de 1865, ele seguiu para o Prata a fim de se incorporar à esquadra que ia começar a campanha contra Francisco Solano Lopez. No dia 27 de março ele acabou nomeado secretário e ajudante de ordens do Almirante Tamandaré, comandante chefe das forças navais brasileiras nas operações de guerra no Rio da Prata.
Durante essa operação, Artur chegou ao cargo de Conselheiro do Cruzeiro e foi enviado pelo Marquês de Caxias ao Rio, em missão junto ao Imperador. Em sua volta à batalha, já comandando o encouraçado Barroso, ele teve destacada participação na Batalha de Curupaiti.
A confiança de Caxias e de Inhaúma deu-lhe missões das mais arriscadas e difíceis. Numa delas, em Humaitá, Jaceguai realiza o grande feito de sua vida, num lance maravilhoso, forçando a passagem perigosíssima do rio, sob o fogo incansável dos canhões paraguaios.
Com o fim do confronto, ele já possuía 26 anos e já era capitão-de-mar-e-guerra. Mais do que esse título, ele foi nomeado como comandante do navio Niterói, na época, o maior navio da esquadra nacional e partiu em uma viagem de instrução, comandando guardas-marinhas e oficiais pela costa norte do Brasil.
Grande estudioso das questões navais, Artur foi um ferrenho defensor do sistema Armstrong, que se opunha ao Whitworth, que era o adotado pela Marinha brasileira. Após muitas discussões, inclusive com o imperador D. Pedro II, a Marinha acabou adotando o sistema defendido pelo futuro Barão.
Após a experiência na fragata Niterói, Artur foi içado ao comando de uma esquadra que tinha como grande missão, realizar um levantamento hidrográfico da região do Prata. Em 1878 foi promovido ao cargo de Chefe-De-Divisão e, em 79, nomeado enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em missão especial na China.
Seguiu a bordo da corveta Vital de Oliveira. Ao voltar, foi escolhido para remodelar o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Em 1882, foi promovido a Chefe-de-esquadra, posto que corresponde a Vice-almirante, e recebeu o título de Barão de Jaceguai.
Cinco anos depois, pediu reforma, o que causou imensa tristeza entre seus amigos e colegas da Marinha. Afastado da vida ativa, acabou sendo nomeado diretor da Biblioteca Da Marinha, Museu e Arquivo, em 1897. Em 1900 foi nomeado diretor da Escola Naval, onde realizou um grande programa de administração.
O Barão de Jaceguai chegou a protestar antes de entrar para a Academia Brasileira de Letras, mas sob os insistentes pedidos de Joaquim Nabuco, acabou aceitando a incumbência. Em carta a Machado de Assis, Joaquim Nabuco indagava: “Não compreendo que ele que não tem medo de passar Humaitá o tenha de atravessar a praia da Lapa”, sede então da Academia.
Curiosamente, em seu discurso de posse, Jaceguai deixou de fazer o elogio do antecessor, Teixeira de Melo, alegando “não haver conhecido o homem nem a sua obra”. Goulart de Andrade, que o sucedeu na Academia, acreditava ter encontrado outra explicação para esse silêncio: é que nas Efemérides nacionais, ao relatar a passagem de Humaitá pela esquadra brasileira, Teixeira de Melo citou o nome do comandante da divisão, Delfim Carlos de Carvalho, depois Barão da Passagem, omitindo o do comandante do Barroso, Artur Silveira da Mota.
Entre seus textos selecionados, estão:
Organização naval, 1896.
O dever do momento, carta a Joaquim Nabuco, 1897.
Quatro séculos de atividade marítima Portugal e Brasil, 1900.
Ensaio histórico sobre a gênesis e desenvolvimento da Marinha brasileira, 1903.
De aspirante a Almirante, memórias, 5 vols., 1906, 1909, 1910, 1913 e 1917.
Reminiscências da Guerra do Paraguai, 1935.
Esse exemplar integrante da Marinha nacional acabaria falecendo no Rio de Janeiro, no dia 6 de junho de 1914.