Embora muitos brasileiros não respeitem e não deem o respeito devido à história do nosso país, a cada dia me convenço de que resgatar, preservar e disseminar os acontecimentos que construíram nosso país é a base para um futuro melhor.
Navegando pela internet e sob a recomendação de um grande amigo, procurei a origem do nome da Rua Arlindo Lúcio da Silva, no Bairro do Lauzane Paulista, na zona norte da nossa cidade. E a surpresa por essa descoberta vai ser dividida com todos vocês.
Arlindo Lúcio da Silva foi um dos grandes pracinhas brasileiros. Natural de São João del-Rei, em Minas Gerais, ele entrou para a história junto com Geraldo Baêta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza, de Entre Rios de Minas e Rio Preto, respectivamente. Os três, que eram do 11 Regimento de São João del-Rei, fizeram parte das terríveis batalhas que aconteceram na região de Montese, na Itália, consideradas as mais sangrentas da II Guerra Mundial.
Os três integrantes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), no dia 14 de abril de 1945, em uma das muitas incursões que fizeram em Montese, se viram frente a frente com uma companhia alemã inteira com mais de 100 soldados. Eles receberam ordens diretas para se render e, quem sabe, ter suas vidas poupadas.
Em uma atitude digna dos grandes heróis, eles decidiram lutar “até o último cartucho”. Apesar de terem lutado com uma coragem ímpar, eles acabaram mortos em combate. A bravura, determinação e respeito que demonstraram com seu país acabaram gerando uma atitude inesperada da companhia alemã.
O comandante mandou que os soldados fossem enterrados em uma cova rasa e ordenou que fosse colocada uma cruz de madeira com a seguinte inscrição: Drei brasilianische helden, que em bom português significa “três heróis brasileiros”.
Com o fim do conflito, seus restos mortais foram levados para o cemitério da cidade italiana de Pistoia e, anos depois, para o Monumento Aos Pracinhas, no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Eles conquistaram diversas medalhas por sua bravura, entre elas, a Medalha da Campanha (por participação na guerra), de Sangue do Brasil (quando há ferimento em ação) e a Cruz de Combate (por feitos de destaque).
Uma Homenagem Musical
Se no Brasil não há um reconhecimento significativo desse episódio histórico, na Suécia uma banda de rock resolveu homenagear os corajosos pracinhas. A banda sueca SABATON gravou em “Heroes”, o sétimo álbum de sua carreira, a faixa “Smoking Snakes”, dedicada a lembrança desses corajosos soldados.
A letra, na íntegra, segue abaixo:
Smoking Snakes
We remember, no surrender
Heroes of our century
3 men stood strong, and they held out for long
Going into the fight, to their death that awaits
Crazy or brave, will it end in the grave?
As they’re giving their lives
As their honor dictates
Far, far from home, to a war
Fought on foreign soil and
Far, far from known, tell their tale
Their forgotten story
Cobras fumantes, eterna é sua vitória!
Rise from the blood of your heroes
You, were the ones who refused to surrender
The 3, rather died than to flee
Know that your memory
Will be sung for a century
3 took the blow, while impressing their foe
Throwing dice, with their lives
As they’re paying the price
Sent to raise hell, hear the toll of the bell
It is calling for you as the Wehrmacht devised
Far, far from home, to a war
Fought on foreign soil and
Far, far from known, tell their tale
Their forgotten story
Cobras fumantes, eterna é sua vitória!
Rise from the blood of your heroes
You, were the ones who refused to surrender
The 3, rather died than to flee
Know that your memory
Will be sung for a century
Sent over seas to be cast into fire
Fought for a purpose with pride and desire
Blood of the brave they would give to inspire
Cobras fumantes, your memory lives!
Sent over seas to be cast into fire
Fought for a purpose with pride and desire
Blood of the brave they would give to inspire
Cobras fumantes, your memory lives!
Cobras fumantes, eterna é sua vitória!
Rise from the blood of your heroes
You, were the ones who refused to surrender
The 3, rather died than to flee
Know that your memory
Will be sung for a century
We remember, no surrender
Heroes of our century
Heroes of the century
Cobras Fumantes
Tradução:
Nos lembramos, sem rendição
Os heróis de nosso século
Três homens aguentaram fortes, e eles resistiram por muito tempo
Indo para a luta, para a morte que os espera
Louco ou corajoso, isso vai acabar na sepultura?
Como eles estão dando suas vidas
Como suas doutrinas da honra
Longe, longe de casa, para uma guerra
Batalhada em solo estrangeiro e
Longe, longe do conhecido, diga seu conto
Sua história esquecida
Cobras fumantes, Eterna é Sua vitória!
Cobras fumantes, Eterna é Sua vitória!
Levantem-se a partir do sangue dos seus heróis
Vocês, foram os únicos que se recusaram a se render
Os três, preferiram morrer do que fugir
Saibam que a sua memória
Será cantada por um século
Três tomaram o golpe, enquanto impressionavam o seu inimigo
Jogando dados, com suas vidas
Como eles estão pagando o preço
Enviado para levantar o inferno, ouvir o toque dos sinos
Ele está chamando por você enquanto a Wehrmacht marcha
Longe, longe de casa, para uma guerra
Batalhada em solo estrangeiro e
Longe, longe do conhecido, diga seu conto
Sua história esquecida
Cobras fumantes, Eterna é Sua vitória!
Levantem-se a partir do sangue dos seus heróis
Vocês, foram os únicos que se recusaram a se render
Os três, preferiram morrer do que fugir
Saibam que a sua memória
Será cantada por um século
Enviado a alto mar para ser lançado ao fogo
Lutaram por um propósito com orgulho e desejo
O sangue dos bravos que dariam para inspirar
Cobras fumantes, sua memória vive!
Enviado a alto mar para ser lançado ao fogo
Lutaram por um propósito com orgulho e desejo
O sangue dos bravos que dariam para inspirar
Cobras fumantes, sua memória vive!
Cobras fumantes, Eterna é Sua vitória!
Levantem-se a partir do sangue dos seus heróis
Vocês, foram os únicos que se recusaram a se render
Os três, preferiram morrer do que fugir
Saibam que a sua memória
Será cantada por um século
Nos lembramos, sem rendição
Os heróis de nosso século
Os heróis de nosso século
Uma última homenagem que merece destaque fica por conta de um monumento localizado dentro das instalações do 11.º Batalhão de Infantaria de Montanha. Próximo ao pátio de formatura há, do lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate.
É possível observar, ainda que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: ARLINDO LÚCIO DA SILVA, GERALDO RODRIGUES DE SOUZA e GERALDO BAÊTA DA CRUZ.