Texto originalmente publicado em 8 de novembro de 2013 e atualizado em 15 de novembro de 2022
A cidade de São Paulo do século XIX era uma cidade em crescimento. O ciclo do café começava a refletir no aumento da cidade e na necessidade de modernizar sua estrutura: a cidade que tinha 65 mil habitantes em 1890, passou para mais de 240 mil no começo do século XX.
A construção do primeiro Viaduto do Chá vem na esteira dessa segunda necessidade. Cruzar o Rio Anhangabaú, onde hoje está o vale, era uma tarefa cansativa. O transporte puxado por animais precisava ser reforçado e, as pontes que existiam, eram rudimentares e sua utilização ficava à mercê das enchentes da época. Para sanar esse problema, em 1877, o litógrafo e arquiteto francês Jules Victor André Martin pensou em uma solução que nivelasse a passagem e que resolvesse o problema.
A ideia de Martin era ligar o Centro, que já ficava em uma colina, com o morro do Chá (onde se plantava o famoso chá da Índia). O contrato que celebrava o começo das obras foi assinado em 1885 e a obra foi iniciada em 1888, com o apoio do então engenheiro Eusébio Stevaux, ano da abolição da escravatura no país.
Inicialmente, a empresa que tocou a construção do viaduto foi a Companhia Paulista Viaduto do Chá, que tinha Martin como um dos sócios. Uma pequena ressalva aqui: a reunião que decidiu pela criação dessa companhia foi feita na casa de Victor Nothmann que decidiu que Falcão Filho seria o presidente da empresa. Os estatutos da empresa ficaram à cargo de Augusto Freire, Pamphilo de Carvalho e Domingos Corrêa de Moraes.
Entretanto, durante a construção do viaduto, por problemas financeiros, a Companhia Carril de São Paulo assumiu e concluiu as obras.
A primeira versão do viaduto era composta de estruturas metálicas, itens que não eram fabricados no Brasil. Para que o projeto fosse erguido, o material, que era composto de cerca de 3 mil peças, foi importado da Alemanha e as peças vieram numeradas, como um brinquedo, indicando os encaixes.
Entregue a obra, no dia 6 de novembro de 1892, com muita festas (embaixo de chuva), uma surpresa para a população: o contrato assinado com a prefeitura estabelecia que o pagamento de três vinténs (60 réis) por pedestre que atravessasse o viaduto. Por isso, por anos, ficou conhecido como o Viaduto dos Três Vinténs.
Pouco tempo depois, em 1896, após forte apelo popular, a Câmara Municipal indenizou a companhia e o viaduto passou a ser responsabilidade do município. Com isso a cobrança foi cessada.
O segundo viaduto
A primeira versão do Viaduto do Chá durou pouco tempo: cerca de 38 anos. Por volta de 1930, a estrutura já estava defasada e precisava de reparos constantes. A prefeitura, então, decidiu que era o momento de substituir o viaduto.
Um concurso foi lançado em 1935 e Elisário da Cunha Bahiana foi o vencedor. A curiosidade da construção desse novo viaduto fica por conta de que ele foi erguido enquanto o antigo estava em uso.
As obras foram entregues em 18 de abril de 1938 e o novo viaduto tinha estrutura de concreto armado e o dobro da largura. Outra curiosidade: no mesmo dia em que o segundo viaduto foi entregue, o primeiro começou a ser demolido. Segundo o Estadão, não houve qualquer solenidade nesse dia e, apenas alguns pedestres pararam para observar o viaduto sendo demolido.
A responsável pela construção da nova obra foi a Companhia Construtora Nacional, E, por fim, a despedida do viaduto se dá em um editorial interessante do Estadão: “vinha merecendo a critica severa dos paulistas, que temiam um despencasse o Viacducto, ao peso dos electricos da Light e da grande massa de povo que por elle circulava constantemente”. O texto também agradecia os “tão bons serviços” que “a antiga ponte prestou ao movimento da cidade de São Paulo”.
PS: A foto em destaque no texto é da Alesp e trata-se de uma litogravura de Jules Martin, do primeiro projeto do Viaduto do Chá, que previa casas em sua parte superior.
https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,viaduto-do-cha-120-anos-de-um-simbolo,7271,0.htm
http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,viaduto-do-cha-completa-80-anos,70002272400,0.htm
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23765/jules-martin
Gostaria de ter maior detalhes da História de meu tri avo o Barão de Itapetininga.
Meu tataravô veio da Alemanha para a construção do Viaduto do Chá. Moravam em um sítio em Santo Amaro e minha bisavó nasceu lá em 1899.
É sempre bom poder me reconhecer na história da cidade.
O meu tataravô também ajudou construir a ponte do chá. E realmente e muito bom reconhecer a historia da cidade, as vezes fico ate em duvida se não tenho outros parentes nessa cidade.
Meu tataravô foi uns dos amigos deles e ele ajudou a fazer a ponte do chá. Quando soube nem acreditei mais depois foi me informando e soube que totalmente verdade.To muito feliz por hoje essa ponde ainda existir depois de muitos anos.
achei super interessante, só acho que poderia ter colocado mais informações sobre a historia do viaduto do chá, porque minha prima teve que fazer um trabalho sobre a historia mais nao tinha todas as informações que ela queria, se puderem colocar mais informações pode ser que da mais sucesso.
Obrigada,
Vitoria Gomes.
Me lembro dos tubos, tipo corrimão que tem em todo viaduto do chá, eram polidos, dourados, não sei se latão ou bronze, mas eram muito bem cuidados, nós office-boys da época passávamos por ali escorregando as mãos nesses tubos corrimãos, muita gente nem sabe que atrás desses tubos pretos tem uma verdadeira obra de arte………………….bem que poderiam polir novamente, seria um presentão para cidade
Eu tenho esa foto demolição da casa dó barão de Itapetininga para construção dó viaduto do chá em 1869