A região de Santana possui uma rua com o incomum nome de Voluntários da Pátria. E nessa nomenclatura mora um período curioso da história do país.

O nome Voluntários da Pátria foi concedido aos corpos de militares que foram criados pelo Império do Brasil no começo da Guerra do Paraguai (1864 – 1870).  Estávamos no ano de 1865 e o exército brasileiro precisava de mais soldados para dar andamento à guerra.

Nesse momento, o governo decidiu se aproveitar do sentimento de patriotismo que havia tomado conta do Brasil no começo da guerra e começou a reunir os voluntários que se alistavam espontaneamente para participar do conflito bélico.

E, além da vontade ir para a guerra, o governo ainda assegurava prêmios aos voluntários: 300 mil réis, lotes de terra com 22 mil braças em colônias militares, preferência nos empregos públicos, patentes de oficiais honorários, liberdade a escravos, assistência a órfãos, viúvas e a mutilados de guerra.

Para tornar esse movimento de voluntariado ainda mais impactante, o próprio imperador do Brasil, na época D. Pedro II, marchou para a cidade de Uruguaiana, ocupada pelo exército paraguaio, e se apresentou como o primeiro voluntário da  pátria. Com isso, D. Pedro II se transformava em  um exemplo tanto para as forças militares ali estacionadas quanto para o resto do país.

Nem Tão Voluntários Assim

Com o passar do tempo e a diminuição do entusiasmo da população brasileira em participar da guerra, o governo imperial passou a exigir dos presidentes das províncias (precursores do governo do estado) uma cota de “voluntários” que eles deveriam recrutar.

Ainda no ano de 1865, os voluntários passaram a contar com um “recrutamento forçado” instituído pelos políticos locais e pelos oficiais da Guarda Nacional que, de maneira ditatorial, forçava o alistamento de seus opositores. Em 30 de abril de 1866 já existiam 49 destes batalhões, formados, principalmente, por militares vindos das corporações policiais das províncias.

Mas, mesmo assim, os números ainda eram insuficientes. O imperador ordenou que, cada província, teria que prover fornecer, no mínimo, 1% de sua população para a causa. Por outro lado, havia várias formas de se escapar da convocação: os aquinhoados faziam doações de recursos, equipamentos, escravos e empregados para lutarem em seu lugar; os de menos posses alistavam seus parentes, filhos, sobrinhos ou agregados; aos despossuídos só restava a fuga para o mato.

Voluntários da Pátria
Voluntários da Pátria

E essa prática, de usar escravos para lutarem no nome de seus proprietários, acabou virando uma prática recorrente e uma alternativa para os brasileiros que não queriam lutar.  O império, então, passou a prometer alforria para os que se apresentassem para a guerra. Isto fez com que escravos fugissem sós ou em bandos das fazendas, e se apresentassem aos recrutadores com nomes falsos, para despistar seus senhores , mesmo com o governo fazendo vista grossa.

Para incentivar ainda mais a adesão de negros, D. Pedro II deu o exemplo de “premiação” libertando todos os escravos das fazendas imperais, como a Fazenda Imperial de Santa Cruz, para lutar na guerra.

No total, estiveram em guerra 57 Corpos de voluntários da pátria. As perdas brasileiras sofridas por mortes, ferimentos, doenças e invalidez alcançaram a 40% do efetivo. No total fizeram parte 37.928 voluntários da pátria. Dos 51 batalhões de voluntários da pátria que seguiram para a guerra, restaram 14.

As polícias militares também contribuíram, formando ou se incorporando aos Corpos de Voluntários da Pátria com seu efetivo policial. Exemplos disso foram: a Corte brasileira que partiu com o 31º Corpo de Voluntários da Pátria, formado por todos os policiais militares de infantaria do corpo policial da Corte do Brasil, além de policiais da província do Paraná ; da província do Rio de Janeiro partiu o 12º Corpo de Voluntários da Pátria, formado por policiais militares do corpo policial provincial do Rio de Janeiro.

Com a guerra vencida, era o momento dos poucos batalhões retornarem. Os primeiros formaram a brigada sob o comando do baiano Faria Rocha, abraçado com a maior efusão pelo imperador, fez sua marcha triunfal pela Rua Primeiro de Março, antiga Rua Direita, na cidade do Rio de Janeiro.

Para os mutilados de guerra que não tinham recursos para a própria subsistência o governo fez levantar o Asilo de Inválidos da Pátria, inaugurado em 1868, na ilha de Bom Jesus, na baía de Todos os Santos.

Ali permaneceram sob os cuidados do governo, sobrevivendo dos recursos angariados pela Associação Comercial do Rio de Janeiro durante a guerra, mas distantes dos olhos da população.

Hoje, o nome Voluntários da Pátria representa diversas ruas pelo Brasil. Em São Paulo, mais especificamente, ele empresta sua alcunha para um logradouro na zona norte da cidade.

2 Comments

  1. Ao saber da história do Brasil,administrada pelo imperialismo,não mudou nada,ou inválidos,que estiveram longe dos olhos,da população,e hoje,os mesmo inválidos pelo,Brasil,assistidos pelo Sus,e de amargar

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